Fábrica da Fiat

O WCM na Eliminação de Perdas para Obtenção da Excelência Operacional

O momento econômico no Brasil não é favorável, e devido à alta competitividade no mercado produtivo as indústrias vêm buscando soluções inovadoras e viáveis com o objetivo de reduzir os custos de produção bem como perdas no processo produtivo. Portanto, faz-se necessário a introdução de um sistema de gestão integrado eficiente que atue na erradicação de perdas no processo, melhorando a qualidade do produto e a eficiência de máquina com o propósito de encontrar o ponto ótimo de produção e por consequência aumento da satisfação dos clientes.

Nesse contexto, o WCM (World Class Manufacturing) surge como um diferencial em tornar as empresas competitivas através da sua metodologia, que envolve conceitos de produção, manutenção, engenharia, qualidade e logística e com isso, obter resultados significativos para a organização.

A metodologia do WCM foi mencionada primeiramente por Richard Schonberger em 1986 com a publicação do livro World Class Manufacturing: The Lessons of Simplicity Applied. De acordo com Schonberger (1989), o WCM tem uma meta predominante e uma forma fundamental de se pensar para que seja possível alcançá-lo: o melhoramento contínuo e rápido. O modelo do WCM mencionado por Schonberger consistia na adequação das técnicas de produção Just in Time (JIT), no forte compromisso com a Total Quality Management (TQM) e o Total Productive Maintenance (TPM), e no envolvimento de todos os colaboradores nas atividades de melhoria (Flores, 2016).

O Sistema de gestão do WCM é regido por 10 pilares, conforme figura 01; sendo cinco com prática na excelência operacional e cinco com prática na satisfação do cliente. O sistema de gestão tem por finalidade atuar na sistemática de eliminação de perdas através do envolvimento de todos, com o objetivo de alcançar o nível de classe mundial.

Pilares do WCM
Figura 1 – Templo do WCM e os 10 Pilares Técnicos
Fonte: PALUCHA (2012)

Os três níveis que regem o WCM é a inteligência da perda, a erradicação da perda e a prevenção da perda. No sistema de gestão WCM as perdas são vistas como oportunidades e consequente aprimoramento no processo produtivo, desde a concepção da matéria prima até o produto final. É através da inteligência da perda que encontramos o potencial para futuras melhorias e decidimos um plano de ataque para cada oportunidade e assim se inicia o ciclo da metodologia WCM.

Através do desdobramento das perdas identifica-se todas as oportunidades existente na fábrica, desta forma se inicia o segundo nível do WCM a erradicação da perda com uma abordagem prática através de projetos de melhoria lançados anualmente na agenda única de cada pilar. A meta do WCM é de trazer ganhos no processo produtivo de forma sistêmica, seguindo roteiros preestabelecidos pelos pilares de acordo com a necessidade identificada. Cada projeto tem como o objetivo eliminar no mínimo 25% da perda, melhorando a qualidade do produto, a eficiência de máquina, a qualidade de trabalho para os colaboradores, o layout das máquinas e matérias primas, a segurança das máquinas e assim, trazendo retorno financeiro para a unidade.

É através da prevenção da perda que se inicia o terceiro nível do WCM onde previne-se que a perda retorne, por consequência faz se necessário introduzir o PCS e haver uma mudança permanente na cultura de todos os colaboradores, com o objetivo de manter os ganhos dos projetos de melhoria realizados. De forma geral, a utilização do sistema de gestão WCM é de grande importância na erradicação das perdas em um processo produtivo. Visto que perdas são oportunidades de melhorias e sucessivos ganhos para a empresa.

O WCM

O sistema de gestão integrado WCM atua na sistemática e eliminação de perdas, através do envolvimento de todos os colaboradores com o objetivo de alcançar o nível de classe mundial através da implementação dos pilares baseados nos cinco níveis de KPI.

Os 5 níveis de KPI são subdivididos da seguinte forma; no primeiro nível do KPI define-se o indicador a ser analisado e meta a ser alcançada. No nível subsequente faz-se o desdobramento do indicador afim de entender quais as perdas impactam nesse indicador. Portanto, no terceiro nível, determina-se as ações para alcançar a meta preestabelecida no primeiro nível. No nível quatro, inclui-se todas as ações em uma agenda única dividida por pilar. E por fim, monta-se o gráfico espelhado após a conclusão das ações definidas na agenda única, onde demonstra a situação inicial desejada e a situação real adquirida.

Estrutura WCM
O templo WCM é subdividido em 3 sessões, apresentadas a seguir.

A primeira sessão do templo
Conforme definição em material interno de treinamento WCM da indústria estudada, a primeira sessão do templo são as fundações, ela é a base do templo e é dividida em três degraus. No primeiro degrau, deve ser feita a padronização de atividades, através do procedimento operacional padrão, que lista as atividades a serem executadas a fim de atingir o padrão esperado. Pode-se também utilizar o formulário de lição de um ponto que tem como exemplos: certo X errado, informativo de mudança na máquina, descrição de como uma atividade deve ser feita, checklist de limpeza e ou inspeção de máquina ou local de trabalho. Na fundação também é necessário a utilização do programa 5S com o objetivo de manter a limpeza, organização no meio de trabalho, diminuindo o tempo dos movimentos e procura de ferramentas e objetos utilizados na atividade do colaborador. A Gestão autônoma objetiva cuidar das máquinas, construindo padrões de limpeza, inspeção e lubrificação de acordo com a necessidade de cada máquina, a fim de mantê-las nas condições básicas, reduzindo a quantidade de quebras e pequenas paradas. A Gestão visual tem o propósito de informar aos colaboradores e visitantes, sentidos de rotação, sentidos de fluxo, máximo e mínimo e áreas perigosas, de forma visual e simples. A gestão visual pode ser feita através de placas, quadros, adesivos e pinturas por exemplo (Ortiz, 2010).

A melhoria focada e envolvimento de pessoas deve ser realizada no segundo degrau do templo, está deve ser feita através de grupos de melhorias multifuncionais com o intuito de realizar melhorias rápidas como por exemplo KAIZEN. Kaizen: é uma palavra japonesa para “melhoria contínua e mudança incremental”. A filosofia do Kaizen trata de envolver todas as pessoas na organização para que se concentrem nas melhorias globais dessa organização. A base da produção enxuta é a eliminação dos desperdícios, visando responder melhor às necessidades do cliente no que diz respeito à entrega dentro do prazo, ao custo competitivo e à qualidade mais elevada. Mais importante, o Kaizen enfatiza o desenvolvimento de uma cultura voltada para o processo e direcionada para aprimorar a forma com que a empresa trabalha (ORTIZ,2010).

No terceiro degrau do templo, é quando se identifica todas as perdas através do VSM. Logo em seguida, realiza-se o desdobramento dos custos, e define-se as prioridades a serem atacadas. Portanto, as fundações são essenciais na implementação das rotinas WCM bem como suporte aos pilares para que possam realizar continuamente as atividades dos três níveis WCM.

A segunda sessão do templo
Tem-se como segunda sessão a excelência operacional que compõe os seguintes pilares e suas respectivas funções descritas de acordo com material interno de treinamento de WCM da indústria estudada.

O pilar de saúde e segurança, visa garantir zero acidente e zero doenças ocupacionais. Este, possui um sistema consistente de prevenção de riscos;

Já meio ambiente e prevenção de riscos objetiva assegurar zero incidentes industriais e zero acidentes ambientais com o mínimo impacto possível na atividade. Este, possui também, um sistema consistente de prevenção de riscos; O pilar de Manutenção, tem como objetivo garantir a confiabilidade do sistema de produção e das máquinas através de atividades planejadas a um custo mínimo de manutenção; eficiência industrial, proporciona a melhoria contínua na produtividade de homem e máquinas, reduzindo as atividades que não possuem valor agregado.

A terceira sessão do templo
Tem-se como terceira sessão a satisfação do cliente que compõe os seguintes pilares e suas respectivas funções descritas de acordo com material interno de treinamento de WCM da indústria estudada.

Qualidade e controle de processo, tem como propósito suportar um sistema de zero defeito através do controle do processo, minimizar os custos da não qualidade e melhorar a satisfação dos clientes. O pilar de foco do cliente e serviço, determina garantir um serviço consistente aos clientes a um custo logístico mínimo. Já desenvolvimento de pessoas, busca identificar os gaps de competências dos colaboradores, sustentar a evolução de competência de pessoas e desenvolvimento da organização e mudar a cultura dos colaboradores na abordagem WCM. O pilar de inovação, tem por finalidade assegurar um processo sólido para o crescimento do negócio através do desenvolvimento de novos produtos, novos equipamentos, novas tecnologias e desenvolvimento de novos mercados.

Aguardem os próximos posts, onde iremos detalhar os 10 Pilares para atingir a Excelência Operacional.

Referências
FLORES, R.E (2016). Proposta de metodologia para construção da ferramentea de análise de falhas no contexto do WCM. ENEGEP 2016.
SCHONBERGER, R. J. Manufactura de categoria mundial: aplicacíon de las últimas técnicas para optimizar la producción. Colômbia: Norma, 1989.
PALUCHA, K. World Class Manufacturing Model in Production Management. International Scientific Journal, Poland, v. 58, n. 2, p.227-234, Dec. 2012.

4 Replies to “O WCM na Eliminação de Perdas para Obtenção da Excelência Operacional”

    1. Nesse post não tem vaga de estágio, Mayara. Veja na aba Oportunidades, para conferir algumas vagas de estágios disponíveis.

  1. Estou gostando muito dos artigos postados por vocês. Está sendo de grande valia e me ajudando bastante a adquirir mais conhecimentos. Obrigado.

    1. Nós é que agradecemos sua presença em nosso blog, Juarez. Jà assinou nossa lista? Cadastre seu email para ficar recebendo um conteúdo exclusivo!

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